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Notcias na 25 de maro

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Cientista atualiza tamanho dos países no mapa-múndi; veja resultado

Neil Kaye, do Met Office, corrigiu as projeções de Mercator — que usamos nos livros e sala de aula


A África é, na verdade, três vezes o tamanho da América do Norte e também significativamente maior que a Rússia
Foto: Neil R Kaye

Aquela imagem clássica do mapa-múndi que conhecemos e estamos acostumados a ver nas salas de aula pode ter sido um pouco exagerada. Isso é o que mostra uma avaliação do cientista de dados climáticos do Met Office, Neil Kaye, que criou uma representação bidimensional de como o mundo realmente se parece.

A projeção de Mercator é a que normalmente se utiliza para mostrar um mapa pendurado em salas de aula e em livros didáticos e foi criada em 1596 para ajudar os marinheiros a navegar pelo mundo. No entanto, há uma distorção dos países da América do Norte.

Canadá, Rússia, Estados Unidos e a própria Groenlândia, por exemplo, são muito menores do que pensamos. As informações foram compartilhadas pelo Daily Mail.

Exagerado
Canadá e Rússia parecem ocupar aproximadamente 25% da superfície da Terra em um mapa-múndi, quando na realidade ocupam apenas 5%. A Austrália não parece ser muito maior que o Alasca, embora seja o sexto maior país do mundo — o país é 4,5 vezes maior que o Alasca.

Kaye mostrou a diferença usando informações do Met Office no Ggplot, um pacote de visualização de dados para programação estatística. Depois, criou o mapa final usando uma projeção estereográfica, uma função de mapeamento que projeta uma esfera em um plano.


Cientista de dados "reajustou" o tamanho dos países
Foto: Neil R Kaye

Os resultados mostram uma África cerca de 14 vezes maior que a Groenlândia, apesar de no mapa-múndi usual ambas apresentarem quase o mesmo tamanho.

Ou então, um mais próximos de nós: o Brasil é mais de cinco vezes maior que o Alasca, mas o Alasca é maior que o Brasil no mapas mais comuns.

(Fonte: Ingrid Oliveira Redação Byte) - 25/04/2023
O mistério do genoma obscuro que compõe 98% do nosso DNA

Menos de 2% dos três bilhões de letras do genoma humano são dedicados às proteínas.


Novas vacinas e remédios podem ser encontrados com a pesquisa sobre o genoma obscuro
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Em abril de 2003, o sequenciamento completo do "livro da vida" codificado no genoma humano foi declarado "encerrado", após 13 anos de trabalho. O mundo estava repleto de expectativas.

Esperava-se que o Projeto Genoma Humano, depois de consumir cerca de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões), trouxesse tratamentos para doenças crônicas e esclarecesse todos os detalhes determinados geneticamente sobre as nossas vidas.

Mas, enquanto as entrevistas coletivas anunciavam o triunfo desta nova era de conhecimento biológico, o manual de instruções para a vida humana já trazia consigo uma surpresa inesperada.

A convicção que prevalecia na época era que a ampla maioria do genoma humano consistiria de instruções para a produção de proteínas - os "tijolos" que constroem todos os organismos vivos e desempenham uma imensa variedade de papéis nas nossas células e entre elas.

E, com mais de 200 tipos diferentes de células no corpo humano, parecia fazer sentido que cada uma delas precisasse dos seus próprios genes para realizar suas funções necessárias.

Acreditava-se que o surgimento de conjuntos exclusivos de proteínas fosse vital na evolução da nossa espécie e dos nossos poderes cognitivos. Afinal, somos a única espécie capaz de sequenciar o nosso próprio genoma.

Mas o que descobrimos é que menos de 2% dos três bilhões de letras do genoma humano são dedicados às proteínas. Apenas cerca de 20 mil genes codificadores de proteínas foram encontrados nas longas linhas de moléculas que compõem nossas sequências de DNA.

Os geneticistas ficaram assombrados ao descobrir que os números de genes produtores de proteínas dos seres humanos são similares a algumas das criaturas mais simples do planeta. As minhocas, por exemplo, têm cerca de 20 mil desses genes, enquanto as moscas-das-frutas têm cerca de 13 mil.

Foi assim que, do dia para a noite, o mundo científico passou a enfrentar uma verdade bastante incômoda: grande parte do nosso entendimento sobre o que nos torna seres humanos talvez estivesse errada.

"Eu me lembro da incrível surpresa", afirma o biólogo molecular Samir Ounzain, principal executivo da companhia suíça Haya Therapeutics. A empresa procura utilizar nosso conhecimento sobre a genética humana para desenvolver novos tratamentos para doenças cardiovasculares, câncer e outras enfermidades crônicas.

"Aquele foi o momento em que as pessoas começaram a se perguntar será que temos um conceito errado do que é a biologia?"

Os 98% restantes do nosso DNA ficaram conhecidos como matéria escura, ou o genoma obscuro - uma enorme e misteriosa quantidade de letras sem propósito ou significado óbvio.

Inicialmente, alguns geneticistas sugeriram que o genoma obscuro fosse simplesmente DNA lixo, uma espécie de depósito de resíduos da evolução humana. Seriam os restos de genes partidos que deixaram de ser relevantes há muito tempo.

Mas, para outros, sempre ficou claro que o genoma obscuro seria fundamental para nosso entendimento da humanidade.

"A evolução não tem absolutamente nenhuma tolerância com o lixo", afirma Kári Stefánsson, o principal executivo da empresa islandesa deCODE Genetics, que sequenciou mais genomas inteiros do que qualquer outra instituição em todo o mundo.

Para ele, "deve haver uma razão evolutiva para manter o tamanho do genoma".

Duas décadas se passaram e, agora, temos os primeiros indícios da função do genoma obscuro. Aparentemente, sua função primária é regular o processo de decodificação, ou expressão, dos genes produtores de proteínas.

O genoma obscuro ajuda a controlar o comportamento dos nossos genes em resposta às pressões ambientais enfrentadas pelo nosso corpo ao longo da vida, que vão desde a alimentação até o estresse, a poluição, os exercícios e a quantidade de sono. Este campo é conhecido como epigenética.

Ounzain afirma que gosta de pensar nas proteínas como o hardware que compõe a vida. Já o genoma obscuro é o software, que processa e reage às informações externas.

Por isso, quanto mais aprendemos sobre o genoma obscuro, mais compreendemos a complexidade humana e como nos tornamos quem somos hoje.

"Se você pensar em nós enquanto espécie, somos mestres da adaptação ao ambiente em todos os níveis", afirma Ounzain. "E essa adaptação é o processamento das informações."

"Quando você retorna à questão sobre o que nos faz ser diferentes de uma mosca ou de uma minhoca, percebemos cada vez mais que as respostas estão no genoma obscuro", segundo ele.

Os transposons e o nosso passado evolutivo
Quando os cientistas começaram a examinar o livro da vida, em meados dos anos 2000, uma das maiores dificuldades foi o fato de que as regiões não codificadoras de proteínas do genoma humano pareciam estar repletas de sequências de DNA repetidas, conhecidas como transposons.

Essas sequências repetitivas eram tão onipresentes que compreendiam cerca da metade do genoma em todos os mamíferos vivos.

"A própria compilação do primeiro genoma humano foi mais problemática devido à presença dessas sequências repetitivas", afirma Jef Boeke, diretor do centro médico acadêmico chamado Projeto Matéria Escura da Universidade Langone de Nova York, nos Estados Unidos.

"Analisar simplesmente qualquer tipo de sequência é muito mais fácil quando se trata de uma sequência exclusiva."

Inicialmente, os transposons foram ignorados pelos geneticistas. A maior parte dos estudos genéticos preferiu concentrar-se puramente no exoma - a pequena região codificadora de proteínas do genoma.

Mas, ao longo da última década, o desenvolvimento de tecnologias mais sofisticadas de sequenciamento de DNA permitiu aos geneticistas estudar o genoma obscuro com mais detalhes.

Em um desses experimentos, os pesquisadores excluíram um fragmento específico de transposon de camundongos, o que fez com que a metade dos filhotes dos animais morresse antes do nascimento. O resultado demonstra que algumas sequências de transposons podem ser fundamentais para a nossa sobrevivência.

Talvez a melhor explicação sobre o motivo da existência dos transposons no nosso genoma possa ser o fato de que eles são extremamente antigos e datam das primeiras formas de vida, segundo Boeke.

Outros cientistas sugeriram que eles provêm de vírus que invadiram o nosso DNA ao longo da história humana, antes de receberem gradualmente novas funções no corpo para que tivessem algum propósito útil.

"Na maioria das vezes, os transposons são patógenos que nos infectam e podem infectar células da linha germinal, [que são] o tipo de células que transmitimos para a geração seguinte", afirma Dirk Hockemeyer, professor assistente de biologia celular da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos.

"Eles podem então ser herdados e gerar integração estável ao genoma", segundo ele.

Boeke descreve o genoma obscuro como um registro fóssil vivo de alterações fundamentais no nosso DNA que ocorreram há muito tempo, na história antiga.

Uma das características mais fascinantes dos transposons é que eles podem se mover de uma parte do genoma para outra - um tipo de comportamento que gerou seu nome - criando ou revertendo mutações nos genes, às vezes com consequências extraordinárias.

O movimento de um transposon para um gene diferente pode ter sido responsável, por exemplo, pela perda da cauda na grande família dos primatas, fazendo com que a nossa espécie desenvolvesse a capacidade de andar ereta.

"Aqui você tem esse evento único que teve enorme efeito sobre a evolução, gerando toda uma linhagem de grandes primatas, incluindo a nós", segundo Boeke.

Mas, da mesma forma que nossa crescente compreensão sobre o genoma obscuro explica cada vez mais sobre a evolução, ela pode também esclarecer o motivo do surgimento das doenças.

Ounzain ressalta que, se olharmos para os estudos de associação genômica ampla (GWAS, na sigla em inglês), que pesquisam as variações genéticas entre grandes quantidades de pessoas para identificar quais delas são relacionadas a doenças, a grande maioria das variações ligadas a doenças crônicas, como o mal de Alzheimer, diabete e doenças cardíacas, não está nas regiões de codificação de proteínas, mas sim no genoma obscuro.


O Projeto Genoma Humano foi completado 20 anos atrás, mas muitas informações contidas no DNA ainda estavam faltando
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

O genoma obscuro e as doenças
A ilha de Panay, nas Filipinas, é mais conhecida pelas suas cintilantes areias brancas e pelo fluxo regular de turistas. Mas este local idílico esconde um segredo trágico.

Panay abriga o maior número de casos existentes no mundo de um distúrbio dos movimentos incurável, chamado distonia-parkinsonismo ligado ao X (XDP, na sigla em inglês).

Como no mal de Parkinson, as pessoas com XDP desenvolvem uma série de sintomas que afetam sua capacidade de andar e reagir rapidamente a diversas situações.

Desde a descoberta do XDP nos anos 1970, a doença só foi diagnosticada em pessoas de ascendência filipina. Este fato permaneceu um mistério por muito tempo, até que os geneticistas descobriram que todos esses indivíduos possuem a mesma variante exclusiva de um gene chamado TAF1.

O início dos sintomas parece ser causado por um transposon no meio do gene, que é capaz de regular sua função de forma a causar prejuízo ao corpo ao longo do tempo. Acredita-se que esta variante genética tenha surgido pela primeira vez cerca de dois mil anos atrás, antes de ser transmitida e se estabelecer na população.

"O gene TAF1 é um gene essencial, ou seja, ele é necessário para o crescimento e a multiplicação de todos os tipos de células", afirma Boeke.

"Quando você ajusta sua expressão, você tem esse defeito muito específico, que se manifesta como uma horrível forma de parkinsonismo."

Este é um exemplo simples de como algumas sequências de DNA do genoma obscuro podem controlar a função de diversos genes, seja ativando ou reprimindo a transformação de informações genéticas em proteínas, em resposta a indicações recebidas do ambiente.

O genoma escuro também fornece instruções para a formação de diversos tipos de moléculas, conhecidas como RNAs não codificantes. Eles podem desempenhar diversos papéis, desde ajudar a fabricar algumas proteínas, bloquear a produção de outras ou ajudar a regular a atividade genética.

"Os RNAs produzidos pelo genoma obscuro agem como os maestros da orquestra, conduzindo como o seu DNA reage ao ambiente", explica Ounzain. E estes RNAs não codificantes, agora, são cada vez mais considerados a ligação entre o genoma obscuro e diversas doenças crônicas.

A ideia é que, se fornecermos sistematicamente os sinais errados para o genoma obscuro com o nosso estilo de vida - por exemplo, com o fumo, má alimentação e inatividade -, as moléculas de RNA produzidas por ele podem fazer com que o corpo entre em um estado de doença, alterando a atividade genética, de forma a aumentar as inflamações do corpo ou promover a morte celular.

Acredita-se que certos RNAs não codificantes podem desligar ou aumentar a atividade de um gene chamado p53, que age normalmente para evitar a formação de tumores.

Em doenças complexas, como a esquizofrenia e a depressão, todo um conjunto de RNAs não codificantes pode agir em sincronia para reduzir ou aumentar a expressão de certos genes.

Mas o nosso reconhecimento cada vez maior da importância do genoma obscuro já está trazendo novos métodos de tratamento dessas doenças.

A indústria de desenvolvimento de remédios costuma se concentrar nas proteínas, mas algumas empresas estão percebendo que pode ser mais eficaz tentar interromper os RNAs não codificantes, que controlam os genes encarregados desses processos.

No campo das vacinas contra o câncer, por exemplo, as empresas realizam sequenciamento de DNA em amostras de tumores dos pacientes para tentar identificar um alvo adequado a ser atacado pelo sistema imunológico. E a maioria dos métodos concentra-se apenas nas regiões codificantes de proteínas do genoma.

Mas a empresa alemã de biotecnologia CureVac é pioneira em um método de análise das regiões não codificantes de proteínas, na esperança de encontrar um alvo que possa interromper o câncer na fonte.

Já a empresa de Ounzain, a Haya Therapeutics, atualmente está realizando um programa de desenvolvimento de drogas dirigido a uma série de RNAs não codificantes que dirigem a formação de tecidos de cicatrização, ou fibrose, no coração - um processo que pode causar insuficiência cardíaca.

Uma das esperanças é que este método possa minimizar os efeitos colaterais decorrentes de muitos remédios de uso comum.

"O problema quando medicamos as proteínas é que existem apenas cerca de 20 mil delas no corpo e a maioria é expressa em muitas células e processos diferentes, que não têm relação com a doença", afirma Ounzain.

"Mas a atividade do genoma obscuro é extraordinariamente específica. Existem RNAs não codificantes que regulam a fibrose apenas no coração, de forma que, ao medicá-los, temos um remédio potencialmente muito seguro", explica ele.

O desconhecido
Paralelamente, parte desse entusiasmo precisa ser atenuada pelo fato de que, em termos de compreensão do funcionamento do genoma obscuro, apenas acabamos de arranhar a superfície.

Sabemos muito pouco sobre o que os geneticistas descrevem como regras básicas: como essas sequências não codificantes de proteínas comunicam-se para regular a atividade genética? E como exatamente essas teias complexas de interações se manifestam por longos períodos de tempo até se tornarem traços de doenças, como a neurodegeneração observada no mal de Alzheimer?

"Estamos ainda no começo", afirma Dirk Hockemeyer. "Os próximos 15 a 20 anos ainda serão assim - [iremos] identificar comportamentos específicos em células que podem gerar doenças e, em seguida, tentar identificar as partes do genoma obscuro que podem estar envolvidas na modificação desses comportamentos. Mas, agora, temos ferramentas para nos aprofundar nisso, algo que antes não tínhamos."

Uma dessas ferramentas é a edição genética.

Jef Boeke e sua equipe estão atualmente tentando aprender mais sobre a forma de desenvolvimento dos sintomas de XDP, reproduzindo a inserção de transposons genéticos TAF1 em camundongos.

No futuro, uma versão mais ambiciosa deste projeto poderá tentar compreender como as sequências de DNA não codificantes de proteínas regulam os genes, construindo blocos de DNA sintético a partir do zero, para transplante em células de camundongos.

"Estamos agora envolvidos em pelo menos dois projetos, usando um enorme pedaço de DNA que não faz nada e tentando instalar nele todos esses elementos", afirma Boeke.

"Colocamos um gene ali, uma sequência não codificante em frente a ele e outra mais distante, para ver como esse gene se comporta", explica ele. "Agora, temos todas as ferramentas para realmente construir pedaços do genoma obscuro de baixo para cima e tentar entendê-lo."

Hockemeyer prevê que, quanto mais aprendermos, mais surpresas inesperadas o livro genético da vida continuará a nos apresentar, da mesma forma que ocorreu quando o primeiro genoma foi sequenciado, 20 anos atrás.

Para ele, "as questões são muitas. O nosso genoma ainda está evoluindo ao longo do tempo? Conseguiremos decodificá-lo totalmente?"

"Ainda estamos nesse espaço escuro em aberto que estamos explorando e existem muitas descobertas realmente fantásticas à nossa espera."

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Future.

(Fonte: BBC News Brasil) - 17/04/2023
Os experimentos esquecidos que mostram o que Da Vinci entendia sobre a gravidade antes de Galileu e Newton

Dupla de pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) descobriu anotações de experimentos pouco conhecidos do pintor e cientista italiano.


Leonardo Da Vinci era um polímata, nome dado a quem estuda muitas ciências
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Não houve um momento de inspiração com uma maçã. E nem a criação de uma lei universal. Apenas o prazer mais nobre — que era, na opinião do próprio Leonardo Da Vinci, a alegria de entender.

Ele observou a chuva cair, como as nuvens se movem rapidamente no céu e, também, como dar maior alcance aos projéteis lançados de sua rudimentar metralhadora, um dos muitos aparelhos que inventou.

"Foi essa motivação que o fez investigar por que esses objetos estavam caindo sem qualquer força por trás deles."

É o que diz Mory Gharib, professor de Aeronáutica e Engenharia Médica do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), nos EUA.

Ele e Chris Roh — na época pesquisador de pós-doutorado no Caltech e agora professor assistente na Cornell University (EUA) — descobriram outra genialidade do polímata italiano: alguns experimentos que mostram sua busca para entender a gravidade.

E para entendermos o significado da descoberta, é preciso deixar clara a cronologia dos eventos.

Da Vinci morreu em 1519, e não foi até 1604 que Galileu Galilei estabeleceu que todos os corpos caem no vácuo com a mesma aceleração.

Quase dois séculos depois, em 1687, Isaac Newton propôs a lei universal da gravidade — aquela da famosa anedota da maçã.


Os desenhos encontrados em um dos arquivos de Da Vinci
Foto: DA VINCI/BIBLIOTECA BRITÂNICA/CALTECH / BBC News Brasil

Mas então o que Da Vinci observou antes do que Galileu e Newton, e o que significa essa sua descoberta?

Um encontro casual
Mory Gharib estava revisando uma publicação da Biblioteca Britânica do Codex Arundel, um compêndio de artigos de Da Vinci que vão desde ciência e artes até notas pessoais.

Ele estava procurando algumas técnicas de visualização de fluxo, algo para discutir em seu curso de pós-graduação.


Leonardo da Vinci procurou revelar as proporções geométricas perfeitas que regem o mundo natural
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

"Eu estava folheando. E de repente um triângulo muito branco chamou minha atenção." Gharib brinca que, tendo visto O Código Da Vinci (filme baseado no best-seller de Dan Brown), pensou que "poderia ser alguma coisa".

"Era apenas um triângulo. Nada nele. E três inscrições de cada lado escritas como ele fez, em uma imagem espelhada, de cabeça para baixo", acrescenta.

Na hipotenusa, o maior lado do triângulo, estava escrito "Equatione di Moti" (equação do movimento).

"Eu estava interessado em entender o que Leonardo quis dizer com essa frase."

Havia mais triângulos e um experimento. Nela, Da Vinci descreve um jarro provavelmente cheio de areia de onde ele despeja seu conteúdo, enquanto o move em linha reta e paralela ao solo, na mesma velocidade com que os grãos caem.

Suas anotações deixam claro que ele sabia que a areia não cai com velocidade constante, mas acelera, e que não cai horizontalmente, mas forma a hipotenusa de um triângulo.

Especificamente, Roh acredita que Da Vinci estava "muito curioso para ver a progressão de como o objeto cai e onde ele está a cada momento. Se começa em um ponto, onde ele termina e com que efeito".

"O experimento que ele fez permitiu que previsse os resultados, embora com imprecisões, muito próximo do que realmente acontece. E, assim, ele tentou entender o que é a constante quantitativa da gravidade."

Os cientistas dizem que Da Vinci chegou a criar um algoritmo "útil o suficiente" para ser capaz de dizer com precisão onde esse objeto deveria cair.

Eles também revelam que nos documentos de Da Vinci há um parágrafo onde ele diz que "quando um objeto cai, ele basicamente vai em direção ao centro da Terra. Isso é muito próximo de dizer que os dois objetos são atraídos um pelo outro, e talvez isso possa ser a única evidência que temos de que ele chegou muito perto de entender a gravidade."

E isso, para o pensamento daquela época, foi um grande avanço.

Teoria aristotélica
Na época de Da Vinci, havia várias teorias sobre por que e como os objetos caem no chão. Mas a mais comum era a teoria aristotélica, explica Carlos Molina, astrônomo e diretor do Planetário de Bogotá, na Colômbia.

Para Aristóteles, explica ele, os objetos caem por causa do sentimento que tiveram.

"Era a necessidade dos corpos chegarem ao seu lugar natural, e isso era medido pelo ímpeto, ou seja, quanto era a vontade de chegar ao lugar natural", diz Molina.


Na época de Leonardo Da Vinci, a teoria da gravidade predominante era aristotélica
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Assim, quanto maior o "ímpeto", maior a vontade de atingir aquele lugar natural por parte dos chamados "corpos sérios".

"Quanto mais pesado, mais impulso ele tinha. E isso funcionava como uma descrição de como isso acontecia e por que acontecia."

Molina, depois de ver os documentos e a descoberta de Gharib e Roh, explica que Leonardo "sistematizou um experimento para deduzir que a gravidade é um tipo de aceleração, como Galileu fez (anos depois), e que essa aceleração nos diz que o espaço é maior quanto maior é o tempo, em proporção geométrica".

Se você não pode medir algo, torne-o mensurável
Na época de Da Vinci não havia relógios que medissem o tempo com precisão.

Mas isso não foi um obstáculo para ele.

"Ele era um engenheiro muito prático. Disse a si mesmo: Se não consigo medir o número real, vou criar uma situação em que possa chegar perto", explica Mori Gharib.

Então o que ele fez foi trocar o tempo pelo espaço. E mediu como os objetos caem de diferentes alturas.

"Se você não pode medir algo, torne-o mensurável", diz Gharib.

"É novamente surpreendente como ele entendeu o tempo e fez suposições fundamentais muito corretas de que todos os objetos chegam ao mesmo tempo, desde que estejam na mesma altura", acrescenta Roh.

"A limitação era não conseguir medir o tempo, e ele resolveu isso."

Experimentos
"O que isso nos revela é que, por meio de experimentos sistemáticos, Da Vinci chegou a uma conclusão semelhante à de Galileu", diz Molina.


Nos desenhos de diferentes armas que Da Vinci fez, ele teve que observar como era a trajetória das balas quando eram disparadas
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Solo explica que Da Vinci "não foi um grande divulgador de sua obra mais profunda e nem mesmo escreveu (o experimento) na forma tradicional, mas na frente do espelho, codificado. Talvez ele não estivesse tão plenamente convencido dele para divulgá-lo".

Para Gharib e Roh, o que isso mostra é que "ele era um experimentador tentando testar as coisas e ver como elas funcionavam, e depois tentando explicá-las. Primeiro ele fez os experimentos, e depois tentou entender sua natureza".

Todos os especialistas consultados concordam que foi a experimentação sistemática de Da Vinci que o levou a chegar a uma conclusão semelhante à de Galileu quase cem anos antes.

Alguma coisa teria mudado se Galileu ou Newton soubessem desses experimentos?

Molina diz que, sem dúvida, isso teria sido uma fonte de inspiração a ambos.

"Newton disse que se apoiou nos ombros de gigantes para elaborar suas teorias. Ele conhecia as obras de estudiosos antes dele. Se o trabalho de Da Vinci fosse conhecido na época, seria algo que Newton teria notado", pontua.

Da Vinci observou as nuvens em movimento, o granizo caindo e depois tentou replicar isso em seu laboratório.

"Sua forma de ver a natureza, de visualizar as coisas, permitiu que ele visse o que fazemos hoje com câmeras supertecnológicas para analisar o mesmo triângulo que Da Vinci fazia", diz Gharib.

Se esta descoberta mostra alguma coisa, dizem Gharib e Roh, é a importância de parar e observar o que nos rodeia.

(Fonte: BBC News Brasil) - 17/04/2023
Controlador para portões inteligentes tem graves falhas de segurança

Pesquisador recomendou que usuários desinstalem produtos da Nexx, usados em sistemas de segurança e de automação doméstica, diante de gravidade das falhas

Uma série de graves falhas de segurança levou pesquisadores a recomendarem a desinstalação de controladores da fabricante Nexx, usados em sistemas de segurança e automação doméstica. As brechas permitem que qualquer pessoa manipule os dispositivos conectados ao aplicativo da empresa, possibilitando a abertura de portas e a desativação de alarmes, entre outros dispositivos, de qualquer lugar no mundo.


Foto: Divulgação/Nexx / Canaltech

O problema está na forma como o aplicativo da Nexx, ligado aos controladores que são ligados a portões, termostatos, tomadas inteligentes e alarmes, entre outros, lida com dados dos usuários e autenticação. Enquanto uma senha universal fácil de se descobrir é utilizada para comunicação com os servidores e também entre os aparelhos envolvidos na automação, informações dos utilizadores são transmitidas sem criptografia e podem ser interceptadas.

São diferentes, então, as explorações possíveis. Na esfera do roubo de dados, seria possível obter endereços de e-mail, IDs de dispositivos e o primeiro nome, juntamente com a inicial do sobrenome, diretamente no fluxo de dados trocados entre os dispositivos e a rede. A partir do correio eletrônico, tenha sido ele conseguido desta maneira ou de outra forma, também dá para gerar ataques de maior gravidade.

De acordo com o pesquisador Sam Sabetan, responsável pela descoberta, basta que um atacante tenha o e-mail, ID de um aparelho ou o nome do usuário para enviar comandos a um controlador. Na outra ponta, cerca de 40 mil dispositivos estariam vulneráveis a explorações desse tipo, bem como aproximadamente 20 mil pessoas cadastradas nos sistemas da Nexx.



Para piorar as coisas, Sabetan aponta que a empresa nem mesmo respondeu ao relatório de falhas durante os 90 dias de divulgação responsável. A pesquisa teria sido feita juntamente com o Departamento de Segurança Nacional do governo dos Estados Unidos, com a fabricante também não atendendo aos pedidos oficiais de esclarecimento e desenvolvimento de uma correção.

Com isso, a recomendação de ambos é a desinstalação de dispositivos da Nexx até que o problema seja resolvido, uma vez que basta pouco conhecimento técnico para que a brecha seja explorada por terceiros. A fabricante também não se pronunciou publicamente sobre o caso, agora que a prova de conceito foi publicada.

Startup quer guardar versão digital dos mortos no seu computador

A ideia é criar uma versão de avatar do ente querido falecido com ajuda da inteligência artificial


Com uso de inteligência artifcial, empresa quer criar um avatar de pessoas que já morreram
Foto: Somnium Space

A empresa Somnium Space está desenvolvendo uma tecnologia de inteligência artificial (IA) que permitirá interagir com uma pessoa morta. Seria mais ou menos um metaverso com o modo “Live Forever” ou "viver para sempre", na tradução.

A ferramenta visa uma questão polêmica e muito futurista;

Ela pretente guardar dados como voz, movimentos e costumes de uma pessoa para que seja criado um avatar quando ela morrer;

Dessa forma, seus entes queridos sempre a terão por perto.

Na semana passada, Pratik Desai, um cientista da computação do Vale do Silício que fundou várias plataformas de inteligência artificial, tentou encorajar seus seguidores para a ideia.

“Comece a gravar regularmente seus pais, idosos e entes queridos”, ele escreveu no Twitter.

Segundo ele, com dados de transcrição suficientes, nova síntese de voz e modelos de vídeo, há 100% de chance de que esses entes que já se foram vivam com você para sempre depois de deixar o corpo físico.

A esperança é que “isso deve ser possível até o final do ano", disse Desai.

Inteligência artificial
Artur Sycho, CEO da Somnium Space, disse ano passado em entrevista à Vice que a IA está progredindo extremamente rápido.

“Literalmente, se eu morrer – e tenho esses dados coletados – as pessoas podem vir ou meus filhos, podem entrar e podem conversar com meu avatar, com meus movimentos, com minha voz”, disse na época.

Segundo Sycho, pode ser que "nos primeiros 10 minutos de interação com essa pessoa, você nem saiba que na verdade é IA”, continuou.

Para o criador, esse é o tipo de inovação potencial que torna o metaverso uma nova arena da experiência humana na qual vale a pena investir. “Eles acham que se trata de vender NFTs e marcas vendendo seus produtos, mas não se trata disso”, afirmou à Vice. “É muito mais profundo.”

(Fonte: Ingrid Oliveira Redação Byte) - 11/04/2023
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Sobre o Portal da 25 de Março

O Portal da 25 de Março foi lançado em 01 de janeiro de 2002, tendo como objetivo principal a divulgação de empresas e produtos comercializados na região da rua Santa Ifigênia no centro da cidade de São Paulo, focando-se principalmente em produtos voltados para a área doméstica em geral.